O que raios é Rolling Girls?
Como adivinhar sobre o que é Rolling Girls? Como descrever a história de Rolling Girls? À primeira vista, as personagens principais dão um forte sinal de que pode ser mais um anime sobre garotas fofinhas fazendo coisas (no caso, andar de moto). Então o primeiro episódio trouxe tanta ação e detalhes de construção de mundo que eu descartei essa possibilidade. A abertura me deu impressão de que em algum momento o anime ia virar um K-on, o que também não aconteceu.
Então, o que é Rolling Girls? Sobre o que é Rolling Girls? É um sobre nada. É sobre várias coisas. É sobre tantas coisas que acaba sendo sobre nada. Mas para encaixá-lo num retrato mais reconhecível, talvez a melhor forma de descrevê-lo seja como um anime de road trip.
O objetivo das protagonistas é completar missões em uma jornada pelo Japão pós-apocalíptico (que também não se parece nem um pouco com o que você esperaria de um mundo pós-apocalíptico, mas vamos chegar lá). O anime é estruturado em arcos curtos, seguindo as paradas das garotas em cada cidade, onde elas tem que ajudar alguns dos habitantes. O arco pessoal de cada personagem fica mais no subtexto, com os episódios em sua maioria focando em apresentar o mundo e as novas pessoas que elas conhecem.
No futuro de Rolling Girls, o Japão está dividido em 10 cidades. Cada uma delas tem enfoque em alguma característica cultural do local, geralmente trazendo um conflito entre as tradições e o mundo moderno, dividindo a população em diferentes facções, beirando à guerra civil. Cada facção possui seu time de vigilantes, liderados por capitães com habilidades especiais.
Fazendo sua viagem em direção ao sul, elas passam por uma Tokyo onde é sempre Comiket, uma Kyoto em guerra civil entre gueixas e rockstars e uma Hiroshima dominada por piratas. Apesar de todas apresentarem seus problemas econômicos e sociais, elas parecem mil vezes mais prósperas do que você esperaria após uma grande guerra que fragmentou o país.
A animação é um espetáculo colorido e vibrante, onde a violência gera explosões de estrelas e luzes coloridas. A estética é prazerosa, dá pra passar um episódio só se perdendo nos visuais. Boa parte do apelo da jornada vem daí, com as particularidades de cada cidade saltando aos olhos enquanto as personagens exploram e aprendem seus costumes.
A história e os eventos têm bastante liberdade para ir em qualquer direção, o que às vezes é um absurdo divertido e às vezes é um exagero sem propósito. A maior falha de Rolling Girls talvez seja essa falta de propósito. As ambições das personagens não movem a trama, as missões realizadas não tem um objetivo em comum na narrativa. Mesmo a trama principal, ao chegar ao seu final, não dá um senso de conclusão ou conquista. Falta crescimento. É a velha situação de que “o verdadeiro presente são os amigos que fizemos no caminho” e “a força estava dentro de você o tempo todo”.
As personagens em si não tem muita complexidade além de seus objetivos iniciais. Encontrar as pedras da lua. Ficar mais forte. Completar as missões que a pessoa que eu admiro deixou pra trás. Suas personalidades seguem o molde padrão dos animes de garotas fazendo coisas, sendo fácil descrevê-las em uma única frase. A dinâmica entre elas é agradável, mas nada além disso. Elas são mais um veículo para a exploração do mundo. Vários coadjuvantes têm potencial, porém aparecem por tão pouco tempo que não são capazes de contribuírem na história.
O anime tem ideias ambiciosas e um visual incrível, mas falta algo para ser ótimo. Talvez personagens marcantes ou uma história coerente. É uma boa pedida se você quer um pouco de eye candy nonsense, 12 episódios sem muito comprometimento. Nem tudo precisa ser uma obra prima cheia de significado pra ser uma experiência válida ou bom entretenimento, e tá tudo certo.