Lupe de Lupe no Sesc Interlagos
08.03.2020 - Enfrentando a chuva e a CPTM parada pra ver a Lupe
Poucas plateias são mais apaixonadas que a da Lupe, cantando as letras de volta debaixo da chuva de Interlagos como se cada palavra significasse tudo.
A maioria tinha enfrentado uma viagem longa e incerta para chegar ali. A chuva imprevisível de São Paulo. A Linha Esmeralda, forma mais rápida e barata de chegar no Sesc, se movendo em câmera lenta. No vagão do trem, não era difícil identificar o público da Lupe. A camiseta de banda alternativa e o olhar de desespero ao olhar o celular e ver que já eram quase 16h e mal havíamos saído de Pinheiros.
Depois de um Uber e meia hora de atraso, com direito a uma corrida desenfreada dentro do parque, cheguei logo no início de Fogo-Fátuo. Os primeiros acordes já levantaram gritos de aprovação da plateia. E não houve dúvidas de que valeu a pena.
O número de músicas essenciais da Lupe já não cabe mais em uma hora de show. Músicas antigas que significam tudo. Músicas novas que já parecem velhas conhecidas.
Não tem como não sentir falta de alguma favorita que não entrou, mas sempre estão garantidos momentos marcante. O coro de Gaúcha embalado pela voz do Renan, o clímax de Homem, as composições do Gustavo muito bem representadas pelo Jonathan, que também traz canções da carreira solo, Cícero combinando a bateria com os vocais de Vejo Uma Lua Lá No Céu.
A energia de Eu Já Venci sendo compartilhada tanto pela galera na rodinha quanto para os bem protegidos nas laterais debaixo de seus guarda-chuvas. A beleza de Lâmina Cega ressoando. E como em todo bom encerramento, a plateia invadindo o palco para cantar 17.
Dessa vez, a banda contou com a presença da Paola Rodrigues, performando em conjunto e trazendo suas próprias composições. N1nh0, excelente por si só, ganhou uma nova força com o arranjo da banda, sendo o meu momento favorito do dia.
Um show da Lupe é como estar entre amigos. Uma atmosfera leve, intimista, descontraída, coroada pelo carisma do Vitor. Tudo funciona, tudo harmoniza, toda performance é um privilégio. Não é mistério nenhum o porque de aquela galera ali ter atravessado a cidade no meio da chuva. Ninguém correria o risco de perder aquele momento.